sábado, 11 de dezembro de 2010

A chegada

Não via nada.
Saiu por aquela porta e sorveu cores e cheiros que não conhecia.
Num desconforto, seguiu pelas ruas sujas e cinzentas onde a verdura não sobressaia.
Uma profusão de sentimentos enquanto o rickshaw se embrenhava pela cidade.
Primeiro foi-se apercebendo das pessoas. Estendidas pelo chão, confundiam-se com macacos e cães que se alinhavam nos muros decadentes. Pedaços do mesmo lixo que enchia a cidade.
De manhã, na cobertura da pensão, avistavam-se casas de cimento, e paredes de tijolo, muitas delas, esquecidas da cor, adensadas pelo ar pesado.
Não havia nada para os sentidos adormecidos, a não ser a escuridão e miséria que avistava;
não sabia nada.
Faltava a cor que a claridade devolve aos objectos, o ar que nos permite sorver os sons.
Delhi pairava num deserto de cor, submersa pela miséria decadente.

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